quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Postagem nº5: Mecanismo das drogas: Maconha

Até agora as drogas analisadas foram drogas lícitas, o álcool e o tabaco. A postagem do hoje, no entanto, visa discutir uma droga ilícita aqui no Brasil, mas que está numa categoria especial de drogas ilícitas, pois nunca se debateu tanto acerca de sua legalização, coisa que nem se considera quando se fala em drogas como crack e cocaína.A maconha é a droga ilícita mais usada do mundo e cerca de 5% da população mundial já usou alguma vez. Nos EUA, em 2012, 42%  das pessoas ouvidas em uma pesuisa pelo Pew Research Center já haviam usado maconha alguma vez na vida ( Pew Research Center. Majority now supports legalizing marijuana.
Washington, DC: People Press; 2013.)
A maconha possui substâncias denominadas genericamente de canabinoides e possui cerca de 60 dessas substâncias, mas as mais estudadas são o tetrahidrocanabinol (THC), canabindiol(CBD) e canabinol(CBN). Desses, o THC é que possui os efeitos psicotrópicos mais acentuados, atingindo o sistema nervoso central por ação agonista parcial nos receptores de canabinoides CB1 acoplados a proteína G. THC afeta também os receptores CB2, localizados em tecidos periféricos. A ativação de CB1 eleva os níveis de dopamina, produzindo efeitos psicotrópicos.  O canabidiol altera alostericamente alguns tipos de receptores opioides e o THC aumenta a atividade dos receptores de glicina, mas a contribuição desses ultimos efeitos para a "lombra" são pouco conhecidos.
Existem canabinoides produzidos por  nosso próprio corpo, os chamaos endocanabinoides. Os endocanabinoides têm um papel não muito bem elucidado, mas acredita-se que estejam relacionados ao desenvolvimento fetal e ao sistema imune.
O uso de susbtâncias bloqueadoras dos receptores de canabinoides já foi feito no intuito de induzir o usuário a parar de fumar e rredução de efeitos metabólicos adversos, mas os efeitos disfóricos dessas substâncias fizeram com que seu uso fosse descontinuado.
 Os canabinoides agem inibitoriamente sobre a adenilato ciclase e sobre os canais de cálcio. Os canais de potássio têm seu fluxo aumentado. 
Os efeitos desejados ao se consumir maconha são o sentimento de relaxamento e a euforia. A diminuição da memória de curto prazo, vermelhidão nos olhos, boca seca e dificuldades motoras constituem alguns dos efeitos indesejados. A maconha promove também aumento da frequência cardíaca, aumento do apetite e diminuição da pressão.
A maconha induz também a uma diminuição da atividade de células imunitárias, agindo também como anti-inflamatório, suscetibilizando o corpo a adquirir mais facilmente doenças infecciosas. 
A maconha tem efeitos carcinogênicos semelhantes ao do tabaco normal. Apresenta também riscos para a cavidade oral, resseando-a, inflamando as gengivas e facilitando a perda dos dentes e formação de cáries.
O uso da maconha gera efeitos adversos nos pulmões, como bronquites e pneumotórax espontâneos.
O caráter lipofílico do THC permite sua persistência no corpo, mesmo semanas depois. Isso faz com que o THC possa se acumular no corpo, especialmente nas bainhas neuronais. Sua persistÊncia permite sua detecção em exames de sangue, urina, fluidos orais, cabelo e suor por métodos de cromatografia.

FONTES:

Medical Consequences of Marijuana Use: A Review
of Current Literature (Obtido no library genesis)

Endocannabinoids: The Brain and Body's Marijuana and Beyond( Google Books

8 comentários:

  1. Indubitavelmente, a maconha é uma das drogas que mais tem levantados discussões no meio público atual. Algo peculiar e inerente a ela, e que, de certa forma justifica essas discussões tão acaloradas, é o fato de que a droga possui uma série de substâncias com propriedades terapêuticas comprovadas e potenciais, como é o caso do canabidiol, que nos últimos 45 anos, demonstrou uma vasta gama de efeitos farmacológicos. Outra característica é a de que o uso da maconha geralmente é intermitente e limitado (No entanto, estima-se que 10% dos que experimentaram maconha tornam-se usuários diários e 20 a 30% a consomem semanalmente). Todavia, o que coloca a maconha em posição de questionamento é o fato de que ela pode produzir vários efeitos colaterais, como produzir alterações cognitivas (usuários crônicos apresentam déficits em várias áreas, incluindo aprendizado verbal, memória de curto prazo, atenção e funções executivas). Isso prova que, apesar de a maconha possuir determinada modalidade de uso (em condições bem restritas de dependentes de um contexto) com ação benéfica, a lista de males causados pelo uso casual e contínuo põe em xeque esses benefícios. A legalização da maconha baseada nesses casos específicos em que seu uso traz benefícios não é justificável.
    Fonte:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462005000100003&lang=pt

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  2. Há séculos a maconha vem sendo utilizada para fins recreacionais; porém, ultimamente vem ocorrendo um aumento no interesse acerca do uso terapêutico desta substância em diferentes condições (e.g., tratamento de glaucoma e da perda de apetite em paciente com AIDS ou outras doenças consumptivas). O potencial uso terapêutico da maconha, no entanto, deve estar condicionado não apenas à comprovação de sua eficácia nos quadros clínicos em questão, sendo necessário assegurar que o seu uso regular não esteja associado a danos à saúde, incluindo prejuízos no funcionamento cerebral. Deste modo, o estabelecimento de uma relação risco-benefício favorável é fundamental para a condução da calorosa discussão envolvendo a liberação do seu uso terapêutico. Diferentes estratégias têm se mostrado promissoras na investigação de eventuais prejuízos no funcionamento cerebral decorrentes do uso regular de substâncias, destacando-se as técnicas de neuroimagem funcional e estrutural e a avaliação neuropsicológica.

    Referências:
    http://www.abead.com.br/site/wp-content/uploads/2014/03/funcionamentoexecutivo_maconha.pdf

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  3. Um aspecto interssante a respeito da machonha é que seu estudo pode acabar favorecendo outras áreas que não sejam relacionadas diretamente à saúde, à bioquímica ou ao ato de fumar. O estudo a respeito da planta da maconha, a cannabis, acabou propiciando a descoberta de uma de suas propriedades bastante inusual que pôde ser usada a favor da construção civil, arquitetura e o meio ambiente. As casas feitas de madeira de cannabis, contém a hempcrete (mistura de cânhamo, sal e água) e são atóxicas, resistenetes a cupins e absorvem gás carbônico da atmosfera. Essa descoberta lhe rendeu o selo platina da LEED, o mais alto para certificado para as chamadas construções verdes, o que é bastante importante para o desenvolvimento sustentável.

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  4. Um estudo da Universidade do estado de Louisiana, nos Estados Unidos, sugere que a perda de memória decorrente do uso da maconha é induzida pela produção desenfreada de uma enzima. O estudo, aplicado em ratos, mostrou uma elevação anormal dos níveis da enzima COX-2 (uma ciclo-oxigenase) em regiões do cérebro ligadas à memória e ao aprendizado. Concluiu-se, ainda, que certos tipos de antiinflamatórios não esteróides podem inibir a ação dessa enzima e reduzir o efeito colateral de perda de memória recente provocado pelo THC (tetrahidrocanabinol).

    Fonte: http://saude.ig.com.br/minhasaude/2013-11-21/pesquisadores-descobrem-por-que-a-maconha-provoca-perda-de-memoria.html

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  5. Outro aspecto que está sendo muito discutido é a relação entre esquizofrenia e os grandes usuários de maconha. Muitos estudiosos levantam a hipótese de que não são as pessoas comuns que se tornam dependentes. Seriam as portadoras dessa doença que desenvolveriam extrema dependência da droga na tentativa de automedicar-se sem ter o conhecimento exato do que estão fazendo.Na esquizofrenia, existem algumas características chamadas de sintomas negativos. Os pacientes apresentam grande achatamento do afeto. Não vibram com nada. Morrer a mãe ou ganhar um prêmio na loteria dá no mesmo, pois são incapazes de serem tocados pelas emoções e isso faz falta para o ser humano que precisa estabelecer relacionamentos afetivos e experimentar alegrias e tristezas. Então, a maconha parece suprir a necessidade dessas emoções, por aparentemente criar impressões que funcionam como "emoções virtuais", que, mesmo irreais, fazem a pessoa se sentir mais humana, por assim dizer.
    Fonte: http://drauziovarella.com.br/dependencia-quimica/maconha/

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  6. A maconha é o nome dado aqui no Brasil a uma planta chamada cientificamente de Cannabis sativa. Em outros países ela recebe diferentes nomes como os mencionados no título deste folheto. Ela já era conhecida há pelo menos 5.000 anos, sendo utilizada quer para fins medicinais quer para "produzir risos". O THC (tetrahidrocanabinol) é uma substância química fabricada pela própria maconha, sendo o principal responsável pelos efeitos da planta. Assim, dependendo da quantidade de THC presente (o que pode variar de acordo com o solo, clima, estação do ano, época de colheita, tempo decorrido entre a colheita e o uso) a maconha pode ter potência diferente, isto é, produzir mais ou menos efeitos. Esta variação nos efeitos depende também da própria pessoa que fuma a planta. Assim, a dose de maconha que é insuficiente para um pode produzir efeito nítido em outro e até uma forte intoxicação num terceiro. Há vários fatores que influenciam seus efeitos, tais como a concentração de THC na planta, a sensibilidade aos efeitos e experiências prévias do usuário e o ambiente do consumo. Outra discussão interessante sobre a maconha é se ela funciona ou não como ''porta de entrada'' para o consumo de outras drogas ilícitas. Muitas pesquisas (e brigas) já foram realizadas sobre isso, mas nenhum resultado concreto foi alcançado ainda. Fontes: http://www.cebrid.epm.br/folhetos/maconha_.htm http://apps.einstein.br/alcooledrogas/novosite/atualizacoes/ps_043.htm

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  7. Aumentando-se a dose e/ou dependendo da sensibilidade, os efeitos psíquicos agudos podem chegar até a alterações mais evidentes, com predominância de delírios e alucinações. Delírio é uma manifestação mental pela qual a pessoa faz um juízo errado do que vê ou ouve; por exemplo, sob ação da maconha uma pessoa ouve a sirene de uma ambulância e julga que é a polícia que vem prendê-la; ou vê duas pessoas conversando e pensa que ambas estão falando mal ou mesmo tramando um atentado contra ela. Em ambos os casos, esta mania de perseguição(delírios persecutórios) pode levar ao pânico e, consequentemente, a atitudes perigosas ("fugir pela janela", agredir as pessoas conversando em "defesa"antecipada contra a agressão que! julga estar sendo tramada). Já a alucinação é uma percepção sem objeto, isto é, a pessoa pode ouvir a sirene da polícia ou vê duas pessoas conversando quando não existe quer a sirene quer as pessoas. As alucinações podem também ter fundo agradável ou terrificante.

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  8. Essas discussões envolvendo a questão da maconha são, realmente, comuns, fazendo que algumas questões relacionadas ao tema tornem-se tabus. Primeiramente, devemos lembrar que a maconha pode ser utilizada em certos tratamentos. Experiências feitas com animais e em homens indicam que a maconha pode produzir um efeito analgésico. Porém, não se sabe exatamente a potencia e a duração desse efeito. Os pacientes que poderiam ser beneficiados com o uso da maconha neste caso, seriam os com um quadro clinico de cor crônica. Junto a esse efeito analgésico, temos também o efeito antiemético, isso pois o THC tem ação antiemética, ou seja, evita vômitos. Apesar de esse efeito ser menor do que outros antieméticos já existentes, seria possível usa-la para pacientes que apresentam resistência para os antieméticos atuais
    Fonte:http://neuromed88.blogspot.com.br/2008/11/usos-medicinais-da-maconha.html

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