terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Postagem nº10: Um olhar diferente sobre as drogas



Cocaína é uma droga extremamente viciante. Um dos maiores problemas das grandes cidades do do país são as “cracolândias”. O uso de drogas é uma das principais causas do aumento de criminalidade nas cidades. Todas essas frases parecem absolutamente corretas e quase nunca as questionamos. Mas será que refletem mesmo a realidade? O doutor Carl Hart, primeiro professor titular de neurociência negro da Universidade Columbia, nos Estados Unidos, defende que esses pontos de vista deve ter u olhar mais cuidadoso

Carl Hart viu, quando criança, o pai, que abusava do álcool, dar uma martelada na cabeça da sua mãe. “Não havia crack na vida da nossa família. Essa droga só surgiria na década de 1980, e eu nasci em 1966. Tampouco havia cocaína em pó ou heroína. Mas o álcool decididamente fazia parte daquele caos”, explica Carl em sua publicação. O álcool, uma droga legalizada. Segundo ele, descriminalizar as drogas que são hoje ilícitas não causaria danos piores do que os que já podemos ver assolando a sociedade. De acoro com ele , essa legalização poderia contribuir para a igualdade social e educação nos países.

Ele acredita que as drogas em si não são o problema, mas justificativas de governos que não cumprem seu papel com políticas sociais para combater a desigualdade social e oportunidades a seus cidadãos mais carentes. Para ele, “o crack é o menor dos problemas na cracolândia”.

Nos anos 1980 e 1990 nos EUA vemos que na época os norte-americanos encaravam a droga como a causa dos problemas enfrentados pelos usuários negros, como se o crack fosse o responsável por isso. Carl Hart afirma, no entanto que ficou claro que o uso de crack era mero sintoma de problemas maiores como dificuldades econômicas, falta de oportunidade e de educação, e Hart acredita que o Brasil está caindo no mesmo erro.

Por meio de experimentos em laboratório, Hart chegou à conclusão de que quando são oferecidas apenas drogas a cobaias, elas se viciam e chegam até a morrer por causa do consumo excessivo. No entanto, quando lhes são oferecidas outras opções, como uma roda de exercícios ou uma parceiro sexual receptivo, no caso dos animais, e dinheiro, quando o experimento foi ampliado a seres humanos, elas não escolhem sempre usar as drogas, muitas vezes preferem as outras opções. Desse modo, o professor sugere que há como usar substâncias como crack, cocaína e maconha sem se viciar. “A população precisa entender que apenas 20% das pessoas que consomem drogas precisam de tratamento. Os últimos três presidentes dos EUA admitiram ser usuários de drogas. Nenhum deles era viciado”, diz Hart.

Para Carl, essa visão errada sobre o vício em substâncias ilícitas contribui para que as sociedades adotem medidas extremas e ineficientes contra elas. Criminalizar as drogas, de acordo com o professor, só faz com que as pessoas com menos oportunidades ocupem a maioria das prisões.

E como controlar o uso dessas substâncias tão poderosas? Além da descriminalização das drogas que são consideradas hoje ilícitas, Hart defende a importância da educação. E dá o exemplo que segue em casa. Quando perguntado sobre a educação que dá aos três filhos, o professor responde: “Espero que eles façam o bem para a sociedade, que sejam a voz para os pobres, o que significa que eles devem ir bem nos estudos. Se algo interferir nisso, eles terão um problema comigo. Se dirigirem muito rápido, se fizerem sexo desprotegido, se usarem drogas de uma maneira que atrapalhe seu desempenho na escola, aí sim eles terão problema comigo”

FONTE:

http://drauziovarella.com.br/dependencia-quimica/carl-hart-drogas-e-sociedade

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25063773