terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Postagem nº10: Um olhar diferente sobre as drogas



Cocaína é uma droga extremamente viciante. Um dos maiores problemas das grandes cidades do do país são as “cracolândias”. O uso de drogas é uma das principais causas do aumento de criminalidade nas cidades. Todas essas frases parecem absolutamente corretas e quase nunca as questionamos. Mas será que refletem mesmo a realidade? O doutor Carl Hart, primeiro professor titular de neurociência negro da Universidade Columbia, nos Estados Unidos, defende que esses pontos de vista deve ter u olhar mais cuidadoso

Carl Hart viu, quando criança, o pai, que abusava do álcool, dar uma martelada na cabeça da sua mãe. “Não havia crack na vida da nossa família. Essa droga só surgiria na década de 1980, e eu nasci em 1966. Tampouco havia cocaína em pó ou heroína. Mas o álcool decididamente fazia parte daquele caos”, explica Carl em sua publicação. O álcool, uma droga legalizada. Segundo ele, descriminalizar as drogas que são hoje ilícitas não causaria danos piores do que os que já podemos ver assolando a sociedade. De acoro com ele , essa legalização poderia contribuir para a igualdade social e educação nos países.

Ele acredita que as drogas em si não são o problema, mas justificativas de governos que não cumprem seu papel com políticas sociais para combater a desigualdade social e oportunidades a seus cidadãos mais carentes. Para ele, “o crack é o menor dos problemas na cracolândia”.

Nos anos 1980 e 1990 nos EUA vemos que na época os norte-americanos encaravam a droga como a causa dos problemas enfrentados pelos usuários negros, como se o crack fosse o responsável por isso. Carl Hart afirma, no entanto que ficou claro que o uso de crack era mero sintoma de problemas maiores como dificuldades econômicas, falta de oportunidade e de educação, e Hart acredita que o Brasil está caindo no mesmo erro.

Por meio de experimentos em laboratório, Hart chegou à conclusão de que quando são oferecidas apenas drogas a cobaias, elas se viciam e chegam até a morrer por causa do consumo excessivo. No entanto, quando lhes são oferecidas outras opções, como uma roda de exercícios ou uma parceiro sexual receptivo, no caso dos animais, e dinheiro, quando o experimento foi ampliado a seres humanos, elas não escolhem sempre usar as drogas, muitas vezes preferem as outras opções. Desse modo, o professor sugere que há como usar substâncias como crack, cocaína e maconha sem se viciar. “A população precisa entender que apenas 20% das pessoas que consomem drogas precisam de tratamento. Os últimos três presidentes dos EUA admitiram ser usuários de drogas. Nenhum deles era viciado”, diz Hart.

Para Carl, essa visão errada sobre o vício em substâncias ilícitas contribui para que as sociedades adotem medidas extremas e ineficientes contra elas. Criminalizar as drogas, de acordo com o professor, só faz com que as pessoas com menos oportunidades ocupem a maioria das prisões.

E como controlar o uso dessas substâncias tão poderosas? Além da descriminalização das drogas que são consideradas hoje ilícitas, Hart defende a importância da educação. E dá o exemplo que segue em casa. Quando perguntado sobre a educação que dá aos três filhos, o professor responde: “Espero que eles façam o bem para a sociedade, que sejam a voz para os pobres, o que significa que eles devem ir bem nos estudos. Se algo interferir nisso, eles terão um problema comigo. Se dirigirem muito rápido, se fizerem sexo desprotegido, se usarem drogas de uma maneira que atrapalhe seu desempenho na escola, aí sim eles terão problema comigo”

FONTE:

http://drauziovarella.com.br/dependencia-quimica/carl-hart-drogas-e-sociedade

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25063773

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Postsgem nº9: Reabilitação de usuários


      A reabilitação de drogas se constitui de tratamentos médicos ou psicoterapêuticos para dependência de substâncias psicoativas como álcool, drogas prescritas ou drogas de uso recreativo. O intuito da reabilitação é capacitar os pacientes a parar com o uso abusivo dessas substâncias para que os danos psicológicos ,legais, financeiros, sociais e físicas causadas por esse abuso possam ser contidos ou evitados.
      Pesquisas científicas desde 1970 mostram que um tratamento eficaz para dependentes aborda as múltiplas necessidades do paciente, não somente a toxicodependência em si. A destoxificação assistida por medicamentos, por exemplo, sozinha, dificilmente é capaz de curar uma pessoa do vício das drogas. É recomendada a terapia comportamental e prevenção de recaída. Serviços de saúde mental e sistemas de apoio da família e comunidade também são essenciais. Mas, independente do método, a motivação do paciente também é essencial.
      Os tipos de terapia comportamental normalmente utilizaados são:
      Terapia cognitivo-comportamental, que consiste em ajudar o paciente a reconhecer, evitar e lidar com situações nas quais ele mais estará provável a ter recaídas.
      Terapia  familiar multidimensional, usada para ajudar na recuperação do paciente por melhora no funcionamento familiar
      Entrevista motivacional, usada para aumentar a motivação do paciente para mudar de comportamento e se tratar
      Incentivos motivacionais, que usam mecanismos para encorajar a abstinência.

      Existem ainda, métodos farmacológicos para tratar dependência, como o uso de metadona, um opioide sintético, mas com menos efeitos de euforia e menos agressivo, que é usado em terapias de substituição, que visam o controle da compulsão do uso da droga e permitem um conforto maior durante a abstinência. Existem ainda drogas, como Disulfiram, que causam reações desagradáveis no paciente ao consumir a droga alvo da terapia.

      terça-feira, 18 de novembro de 2014

      Postagem nº8. Mecanismos das drogas : LSD

      O LSD (sigla para dietilamida do ácido lisérgico em inglês) é uma droga psicoativa, muito conhecida pelo seu uso na década de 60 no movimento de contracultura. Devido ao seu efeito alucinógeno, o LSD é usado para fins recreacionais, mas por causar um sentimento de transcendência, é usado , de certa forma, como um ritual. Muitos artistas a usam para obter inspiração e muitas pessoas veem na droga um sentido mais profundo. Esse sentimento de transcendência espiritual fundamentou um movimento "religioso" denominado New American Church, em  que determinou o uso LSD como um sacramento, embora os fundadores tenham sido presos por se considerar que tenham  usado a igreja para conseguir respaldo legal para usar a droga.O LSD tem como efeitos físicos: dilatação das pupilas, alterações de apetite, hiperglicemia, eriçamento de pêlos, hiperreflexia, excessiva produção de saliva e muco.
      Os efeitos psicológicos do LSD são mais complexos. O efeitos são popularmente chamados de viagens. A experiência dessas viagens é muito variável mesmo para uma mesma pessoa e mesmo dentro de uma mesma dose da droga ao longo do tempo. O uso LSD tem mais chance de gerar experiências agradáveis se feito em um ambiente em que se possa relaxar, confortável, seguro e com companhias agradáveis. A ausência dessas condições pode gerar as "bad trips", em que se tem uma crise de ansiedade e a amplificação de medos anônimos, ou seja, medos infundados, sem causa clara. Essas bad trips geram um humor depressivo ou agressivo. Essass experiências ruins podem exigir intervenção médica de modo a tranquilizar o paciente ou, em casos de comportamentos autodestrutivos ou incontroláveis,  sedá-lo.
      Os usuários de LSD  experienciam superfícies se ondulando e o mundo inanimado ganhando vida; percepção de tempo alterada, de modo que em certos momentos ele pareça se alongar ou se encurtar, mudando de velocidade; visualizações de padrões coloridos; sensação de que os pensamentos estão se espiralando sobre si mesmos; perda de senso de identidade, associado com sentimento de saída do corpo e união com uma ordem cósmica, efeito fortemente responsável pelo sentimento de transcendência espiritual. Em doses mais altas, os usuários podem experienciar sinestesias e dissociação entre tempo e espaço. Usuários afirmam também que a droga os ajuda a ver a própria vida de um ponto de vista mais introspectivo, os ajudando a resolver problemas e sentimentos negativos.
      As para que o LSD faça efeito são mínimas e a droga desenvolve pouca resistência no organismo. Ela é considerada como uma droga com pouco poder de causar dependência. Não há casos documentados de overdose por LSD e não há evidências de que o LSD possa causar, a longo prazo, danos ao organismo.
      O LSD é consumido, normalmente por via oral em forma de tabletes, mas pode ser dissolvido em líquido e injetado, vir dissolvido em gelatina ou na forma cristalina.


      Exemplo de tablete de LSD


      FONTES:
      http://archpsyc.jamanetwork.com/article.aspx?articleid=488155
      http://www.maps.org/research-archive/cluster/psilo-lsd/cns-neuroscience+therapeutics_2008-passie.pdf

      domingo, 9 de novembro de 2014

      Postagem nº7: Mecanismo das drogas: Cafeína




      Hoje falaremos de uma das drogas lícitas mais usadas no mundo: a cafeína, consumida principalmente na forma de café.


      A cafeína é naturalmente encontrada em alumas plantas e sua principal função nelas é paralizar e matar certas espécies de insetos que tentam se alimentar delas. Essa substância é classificada como uma droga psicoativa, mas no mundo inteiro, seu consumo e comércio é legalizado na forma de café, refrigerantes, chás, pílulas e bebidas energéticas. Há dois motivos pelos quais a cafeína é tipicamente legalizada: o fator cultural, visto que é uma droga de uso histórico, e o fato de ser uma droga considerada de baixo risco, uma vez que a dose considerada tóxica é de aproximadamente 10g/dia e as doses típicas normalmente contêm bem menos que 500mg/dose. Seria preciso consumir aproximadamente 4,5Kg de café expresso em um dia para atingir níveis tóxicos de caféina.
      O uso do café, normalmente, é feito por hábito, como o consumo de qualquer outra bebida, mas o número de pessoas que o consome desejando os seus efeitos farmacológicosé bem alto.
      A cafeína, um alcaloide com caráter lipossolúvel, consegue penetrar facilmente na barreira hemoencefálica, produzindo efeitos no sistema nervoso central com rapidez. Experimentos com cachorros mostraram que a concentração de cafeína no líquido cérebro espinhal de cachorros atinge metade da concentração plasmática entre 4 e 8 minutos após a ingestão.
      Koffein - Caffeine.svg

      A cafeína, por seu efeito de mobilização de cálcio intracelular, diminui o limiar de excitação muscular e promove maior duração da contração muscular por meio do aumento do transporte de cálcio pela membrana plasmática e retículo sarcoplasmático.
      Em células nervosas, a cafeína age nos canais de cálcio. Essa atuação, no entanto, depende as concentrações de cafeína no plasma, sendo concentrações baixas e moderadas estimulantes da liberação e reabsorção de cálcio pelo retículo endoplasmático. Concentrações altas inibem esses processos.
      A cafeína tem a capacidade de diminuir a sonolência, aumentar o alerta, a clareza de pensamento e diminuir a fadiga dos usuários. Seu efeito geralmente começa a ser sentido menos de uma hora após consumo e geralmente seus efeitos passam após 5 horas da ingestão.
      O consumo excessivo de cafeína pode, quando consumido imediatamente antes da hora de dormir, causar distúrbios de sono que prejudicam a qualidade e os estágios normais do sono. O sono REM, por exemplo, é bastante diminuído em pessoas que consomem café em excesso.A cafeína também parece ter efeitos ansiogênicos, que podem levar a transtornos como síndrome do pânico, mas, em doses baixas, pode ser benéfico a pacientes depressivos.
      Os efeitos tóxicos do café não são comumente relevantes , devido a necessidade de doses muito superiores a que as pessoas costumam tomar para que eles ocorram.
      Os sintomas de abstinência de cafeína incluem dores de cabeça, dificuldades de concentração, sonolência, dor no estômago e nas juntas. Normalmente esses sintomas surgem entre 24 e 48 horas após a descontinuação do uso médio de 235mg  diários de cafeína( aproximadamente duas xícaras  e meia de 250ml de café coado), e desaparecem em até 9 dias.


      FONTES:
      http://apt.rcpsych.org/content/11/6/432.full
      Caffeine and the central nervous system: mechanisms of action,
      biochemical, metabolic and psychostimulant effects  (obtido no Library Genesis

      terça-feira, 4 de novembro de 2014

      Postagem nº6: Mecanismos das drogas: Cocaína e Crack

      A cocaína é uma droga obtida nas folhas de coca e consiste num composto alcalóide ( que contem nitrogênios básicos). A cocaína possui efeito estimulante e inibidor de apetite. A cocaína produz efeitos anestésicos a baixas concentrações e efeitos de inibição dos canais de sódio o que pode, em altas doses, ser extremamente nocivo e gerar efeitos como paradas cardíacas.
      Kokain - Cocaine.svg
      A molécula de cocaína possui partes tanto hidrofílicas quanto lipofílicas. Seu caráter lipofílico a permite atravessar a barreira hemoencefálica e , assim, exercer ação no sistema nervoso central. A cocaína induz a estresse oxidativo dos neurônios monoaminérgicos onde atua, fazendo, assim, com que haja a presença de espécies reativas de oxigênio que podem causar danos vasculares às áreas adjacentes, afetando a permeabilidade da barreira hemoencefálica. Além disso, essa substância afeta a expressão de proteínas que geram as zônulas de oclusão na barreira hemoencefálica afetando ainda mais a permeabilidade dessa barreira. Esses efeitos podem ter consequência na ação de outras drogas no sistema nervoso central devido ao aumento da permeabilidade da barreira.
      A cocaína tem efeitos que duram de 15 minutos a 1h. Ao ser consumida, a droga causa entorpecimento. A cocaína  deixa o usuário mais alerta, com mais energia e  gera um sentimento de bem estar, euforia, auto-estima e aumenta a libido. Ao se descontinuar o uso da droga, sentimentos de ansiedade, paranoia e cansaço são observados. Podem haver convulsões e aumento da temperatura corporal.
      A cocaína inibe a reabsorção de monoaminas como a serotonina e dopamina nas sinapses, permitindo que esse neurotransmissores passem algum tempo causando estimulação. Ao se ligar no complexo transportador desses neurotransmissores, a cocaína impede o transporte dessas moléculas.  Esse efeito age sobre o sistema mesolímbico (de recompensa) gerando efeitos de prazer . O efeito de estimulação de fibras dopaminérgicas também age sobre a substância negra, gerando efeitos de motores. Após o consumo da droga, no entanto, os níveis de serotonina e dopamina no SNC baixam muito, gerando efeitos de disforia e depressão. Os usuários crônicos de cocaína podem desenvolver problemas de psicose e esquizofrenia, com sintomas como paranoia, agressividade e alucinações táteis, comumente relatados como sentimento de insetos andando por baixo da pele.
      A abstinência física de cocaína gera efeitos desagradáveis, mas não é perigosa. Entre esses efeitos estão insonia, hiperinsonia, sonhos desagradáveis, ansiedade, agitação, dor fraqueza física e uma grande compulsão pelo uso da droga.  Os efeitos de abstinência podem durar semanas e até meses. Mesmo após os efeitos de abstinência passarem, os usuários continuam sentindo necessidade de usar a droga anos depois de seu abandono.
      O crack é uma forma diferente de cocaína que se apresenta em pedras, não em pó. O crack é produzido a partir da cocaína usando-se bicarbonato de sódio, A grande diferença entre o crack e a cocaína é que o ponto de fusão do crack é bem menor,  fazendo com que possa ser vaporizado e  facilmente absorvido no pulmão, onde penetra na corrente sanguínea de modo muito mais rápido, causando efeitos mais intensos e com potencial de causar toxicodependência muito mais elevado.




      Cocaína, em forma de pó



      Crack, em forma de pedra


      FONTE:
      Alteration of blood-brain barrier function
      by methamphetamine and cocaine
      http://www.dea.gov/pr/multimedia-library/publications/drug_of_abuse.pdf#page=45
      http://www.buzzfeed.com/ashleyperez/what-exactly-is-the-difference-between-crack-and-cocaine

      quarta-feira, 29 de outubro de 2014

      Postagem nº5: Mecanismo das drogas: Maconha

      Até agora as drogas analisadas foram drogas lícitas, o álcool e o tabaco. A postagem do hoje, no entanto, visa discutir uma droga ilícita aqui no Brasil, mas que está numa categoria especial de drogas ilícitas, pois nunca se debateu tanto acerca de sua legalização, coisa que nem se considera quando se fala em drogas como crack e cocaína.A maconha é a droga ilícita mais usada do mundo e cerca de 5% da população mundial já usou alguma vez. Nos EUA, em 2012, 42%  das pessoas ouvidas em uma pesuisa pelo Pew Research Center já haviam usado maconha alguma vez na vida ( Pew Research Center. Majority now supports legalizing marijuana.
      Washington, DC: People Press; 2013.)
      A maconha possui substâncias denominadas genericamente de canabinoides e possui cerca de 60 dessas substâncias, mas as mais estudadas são o tetrahidrocanabinol (THC), canabindiol(CBD) e canabinol(CBN). Desses, o THC é que possui os efeitos psicotrópicos mais acentuados, atingindo o sistema nervoso central por ação agonista parcial nos receptores de canabinoides CB1 acoplados a proteína G. THC afeta também os receptores CB2, localizados em tecidos periféricos. A ativação de CB1 eleva os níveis de dopamina, produzindo efeitos psicotrópicos.  O canabidiol altera alostericamente alguns tipos de receptores opioides e o THC aumenta a atividade dos receptores de glicina, mas a contribuição desses ultimos efeitos para a "lombra" são pouco conhecidos.
      Existem canabinoides produzidos por  nosso próprio corpo, os chamaos endocanabinoides. Os endocanabinoides têm um papel não muito bem elucidado, mas acredita-se que estejam relacionados ao desenvolvimento fetal e ao sistema imune.
      O uso de susbtâncias bloqueadoras dos receptores de canabinoides já foi feito no intuito de induzir o usuário a parar de fumar e rredução de efeitos metabólicos adversos, mas os efeitos disfóricos dessas substâncias fizeram com que seu uso fosse descontinuado.
       Os canabinoides agem inibitoriamente sobre a adenilato ciclase e sobre os canais de cálcio. Os canais de potássio têm seu fluxo aumentado. 
      Os efeitos desejados ao se consumir maconha são o sentimento de relaxamento e a euforia. A diminuição da memória de curto prazo, vermelhidão nos olhos, boca seca e dificuldades motoras constituem alguns dos efeitos indesejados. A maconha promove também aumento da frequência cardíaca, aumento do apetite e diminuição da pressão.
      A maconha induz também a uma diminuição da atividade de células imunitárias, agindo também como anti-inflamatório, suscetibilizando o corpo a adquirir mais facilmente doenças infecciosas. 
      A maconha tem efeitos carcinogênicos semelhantes ao do tabaco normal. Apresenta também riscos para a cavidade oral, resseando-a, inflamando as gengivas e facilitando a perda dos dentes e formação de cáries.
      O uso da maconha gera efeitos adversos nos pulmões, como bronquites e pneumotórax espontâneos.
      O caráter lipofílico do THC permite sua persistência no corpo, mesmo semanas depois. Isso faz com que o THC possa se acumular no corpo, especialmente nas bainhas neuronais. Sua persistÊncia permite sua detecção em exames de sangue, urina, fluidos orais, cabelo e suor por métodos de cromatografia.

      FONTES:

      Medical Consequences of Marijuana Use: A Review
      of Current Literature (Obtido no library genesis)

      Endocannabinoids: The Brain and Body's Marijuana and Beyond( Google Books

      quarta-feira, 22 de outubro de 2014

      Postagem nº 4: Mecanismos das drogas: Tabaco

      O tabaco é uma droga largamente utilizada no mundo inteiro, embora seu uso tenha diminuído bastante em função de campanhas publicitárias desestimulando seu uso. Seu principal princípio ativo é a nicotina. A nicotina é uma droga  que , ao entrar na corrente sanguínea, atravessa a barreira hemoencefálica, tendo livre acesso ao cérebro cerca de 15 segundos após sua inalação. O seu tempo de meia vida no corpo é de cerca de duas horas. A nicotina age sobre receptores colinérgicos e , indiretamente, sobre outros hormônios como a dopamina no sistema de recompensa, causando o relaxamento e o prazer que os fumantes sentem. Acredita-se também que a fumaça do cigarro tenha proprieades sobre a Monoamina Oxidase, reduzindo sua atividade e, por conseguinte, auamentando as quantidades de noradrenalina, dopamina e  serotonina.Além disso, a nicotina age sobre o sistema mesolímbico( de recompensa), no sistema nervoso central. Boa parte dos efeitos de dependência do tabaco são gerados por esses mecanismos.
      Seus efeitos psicoativos são dúbios, podendo ser estimulantes a doses baixas, ou de relaxamento/analgesia a baixas doses, podendo-se assim, regular o efeito desejado por meio da profundidade das tragadas.
      A nicotina também age no sistema nervoso simpático, por meio dos nervos esplâncnicos da medula adrenal, estimulando a liberação de adrenalina. O cigarro se diferencia de outras drogas viciantes por não diminuir a sensibilidade das vias de recompensa.
      A nicotina pode ter efeitos bons e ruins. Os seus efeitos ruins são mais comumente ressaltados, mas pontos positivos podem ser levantados também. A nicotina previne pre-eclampsia, age como agente anti-inflamatorio, reduz o desenvolvimento de sarcoma de Kaposi em pacientes com AIDS , reduz o avanço da doença de Parkinson e outros efeitos.
      O cigarro , no entantao, tem muitos de seus efeitos negativos bem conhecidos e bem elucidados.  O fumo na gravidez, por exemplo, é associado com baixo peso ao nascer e partos prematuros e perinatais. O ácido  cianídrico contido provoca deficiência de B12 na mãe e no feto. O monóxido de caarbono liberado na fumaça do cigarro pode provocar hipoxia no feto também. Além disso,  o tabagismo está fortemente relacionado com efisema pulmonar, cancer de pulmão,laringe e boca, infarto do miocárdio, impotência sexual, e doença pulmonar obstrutiva crônica, quwe destrói os alveolos pulmonares.

      FONTES:
      http://www.nature.com/npp/journal/v31/n6/pdf/1300905a.pdf
      http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/scientiamedica/article/viewFile/4718/7813
      http://acsh.org/2014/01/effects-nicotine-human-health/

      quarta-feira, 15 de outubro de 2014

      Postagem n°3: Mecanismos das Drogas:Álcool

      O álcool, etanol, ou álcool etílico é a droga recreacional mais antiga do mundo e ainda tem uso extremamente popular. Em uma pesquisa feita em escolas públicas de Minas Gerais, 38,2% dos jovens entre 15 e 19 anos declararam consumir álcool com regularidade. Isso reflete a relevância social da droga, cujo o consumo é influenciado fortemente por caracteres culturais e tem um papel muito relacionado com as relações interpessoais.  O conhecimento de seus efeitos, portanto, é de fundamental importância para um profissional da saúde, haja visto o seu amplo consumo.
      O consumo de bebidas alcoólicas mais rápido do que a capacidade de processamento do fígado gera um estado de intoxicação alcoólica (embriaguez). A intoxicação por álcool apresenta sintomas como face avermelhada, euforia e diminuição das inibições sociais em doses mais baixas. Em doses mais altas pode-se ter ataxia(diminuição da coordenação muscular), diminuição da habilidade em se tomar decisões, náusea, vômito (por seus efeitos disruptivos nos canais semicirculares do ouvido interno e irritação da mucosa gástrica). Os efeitos depressivos do álcool no sistema nervoso central podem, em doses muito altas, induzir a coma ou até mesmo morte.
      As diferentes concentrações de álcool no sangue geram diferentes efeitos:
      • 20–79 mg/dL – Euforia e coordenação comprometida
      • 80–199 mg/dL –Ataxia, desregulação emocional e perda de juízo(estágio mais comumente alcançado por pessoas que bebem regularmente)
      • 200–299 mg/dL – Ataxia, fala embolada,desregulação emocional e perda de juíz,o náusea e vômito
      • 300–399 mg/dL – Anestesia , lapsos de memória e desregulação emocional
      • 400+ mg/dL – Falha respiratória e coma.
      O álcool causa também importante efeitos bioquímicos, como hipoglicemia, devido à inibição que essa droga causa à gliconeogênese, efeito piorado quando o consumidor se apresenta em jejum prolongado.
      O álcool aumenta as funções de neurotransmissores como o GABA e  a glicina, que são inibidores sinápticos, que diminuem o potencial da membrana ao permitirem a passagem de cloreto para o meio intracelular, o que diminui o potencial de membrana dos neurônios, causando efeitos inibitórios. O álcool também tem efeitos colinérgicos.
      O consumo de álcool também gera diminuição da quantidade de tiamina(B1) no nosso corpo, pois inibe seu transporte ativo no trato gastrointestinal. Em pacientes crônicos com grande quantidade de fibroses e esteatose hepática , o estoque de tiamina do fígado também diminui, o que torna o consumo de álcool ainda mais perigoso.
      Por esses motivos, o tratamento de pacientes com alta intoxicação alcoólica consiste basicamente em :
      • Administração de dextrose para  reverter a hipoglicemia
      • Administração de tiamina para evitar a síndrome de Wernicke–Korsakoff, que pode causar crises epilépticas.
      • Hemodiálise, em caso de concentrações de álcool maiores do que 400 mg/dL, que são concentrações extremamente perigosas.
      • Medicamentos para náusea e vômitos.
      O fígado é o órgão responsável pelo metabolismo do álcool e seu uso crônico e em altas doses pode causar lesões irreversíveis sobre as células hepáticas, levando a doenças como cirrose, que apresenta sintomas como: icterícia, varizes esofágicas, gástricas e hemorroidais, edema, a alteração do metabolismo de estrogênios, a coagulopatia, encefalopatia hepática (síndrome que provoca alterações cerebrais provocadas pelo mau funcionamento do fígado) e deficiências nutricionais.  Esses efeitos negativos são mais nocivos em mulheres do que em homens.


      FONTES:
      http://drauziovarella.com.br/dependencia-quimica/o-figado-e-o-alcool/
      http://www.scielosp.org/pdf/csp/v25n6/17.pdf
      http://www.cdc.gov/alcohol/fact-sheets/binge-drinking.htm
      http://www.unifra.br/eventos/sepe2012/Trabalhos/6914.pdf
      hepatonautas.blogspot.com

      domingo, 12 de outubro de 2014

      Postagem nº 2- Dependência Física e Tolerância

      Um dos efeitos mais delicados de muitas drogas, lícitas ou ilícitas, é o desenvolvimento de dependência física, sendo esse um dos motivos de proibição ou controle rígido de circulação de muitas delas. A dependência física resulta do uso crônico de uma droga, o que produz tolerância, que é o fenômeno que ocorre quando a reação à concentração de determinada droga é progressivamente reduzida, exigindo concentrações mais altas para atingir os efeitos desejados. Diferentes efeitos da mesma droga podem ter diferentes graus de desenvolvimento de tolerância. Quando o desenvolvimento de tolerância a uma droga é muito rápido, é chamado de taquifilaxia. Drogas como anfetaminas(um tipo de droga simpatomimética)
      A tolerância a substâncias como a morfina, por exemplo, pode acontecer por diversos motivos, como fosforilação dos receptores de opioides, causando mudança conformacional, desacoplamento entre esses receptores e a proteína G, causando dessensibilização das células, ou diminuição dos números de receptores disponíveis.
      O desenvolvimento de tolerância a certas substâncias nem sempre é algo negativo e, em alguns casos, pode ser usado como um recurso médico. Um exemplo é em relação à diminuição a respostas alérgicas a certos agentes. A administração do agente alergênico em doses inicialmente pequenas, mas progressivamente aumentadas, pode induzir o surgimento de tolerância e diminuir a resposta alérgica do paciente. Esse método é usado em pacientes diabéticos com alergia a insulina bovina.
      A dependência física pode se manifestar de maneira fisiológica ou de maneira psicológica. A manifestação física pode ocorrer de forma a aumentar a taxa de batimentos cardíacos, sudorese , tremores e outros sintomas. Existem substâncias, como álcool, benzodiazepina(sedativo/ansiolítico) e barbitúricos(antiepilépticos) cuja a abstinência podem causar problemas ainda mais graves, que em alguns casos, em usuários crônicos, podem levar a convulsões e morte. A abstinência de pessoas dependentes de opioides pode, ainda,  levar ao surgimento de dores, diarreia e vômito, além dos efeitos supracitados.
      O tratamento para dependentes físicos depende do tipo de droga em questão, mas geralmente consiste na redução progressiva das doses da droga e da administração de outras drogas para conter os efeitos gerados pela abstinência.
      Percebe-se, assim, que drogas não são vilãs ou mocinhas, toda droga é potencialmente nociva e a maioria é potencialmente benéfica. O que muda de uma pra outra é o quão fácil é utilizar esses potenciais e o quão fácil é perder o controle deles. Esse é um dos critérios usados para a regulamentação das drogas e por não ser um critério exato ou preciso, ele gera muitas polêmicas e discussões em relação a drogas que estão mais próximas do limiar benéfico/maléfico.
      FONTES:
      http://www.brasilescola.com/drogas/anfetaminas.htm
      http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2672012/
      http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/1575069
      http://en.wikipedia.org/wiki/Physical_dependence

      domingo, 5 de outubro de 2014

      Postagem nº1

      O conceito de  droga não é algo muito bem delimitado e muda dependendo do enfoque do discurso. Drogas são consideradas como substâncias  que alteram processos bioquímicos ou fisiológicos no corpo de um organismo quando o enfoque é mais farmacológico. No sentido mais empregado, no entanto, o termo droga se refere a substâncias psicoativas, que provocam alteração da consciência do usuário da substância. O objetivo do blog é discorrer, durante o semestre, sobre o tema : "Drogas lícitas e ilícitas, a bioquímica explica"; o sentido para o termo droga utilizado aqui será o segundo, uma vez que a fronteira entre licitude e a ilicitude de uma droga é muito mais tênue quando se tratam de drogas psicoativas, uma vez que suas consequências na consciência humana não podem ser medidas de modo preciso. Serão adicionadas à definição de droga por esse blog, substâncias que causam dependência química/psicológica nos usuários.
      As drogas com efeito psicoativo( drogas psicotrópicas) são as que agem no Sistema Nervoso Central e podem mudar o humor, comportamento e a percepção. Esse tipo de droga pode ser dividido nos seguintes tipos:
      Depressoras, que diminuem a atividade do sistema nervoso central, deixando-o mais lento, geralmente agindo sobre neurotransmissores como o ácido gama-aminobutírico( GABA), principal neurotransmissor inibidor das sinapses, regulando a excitabilidade neuronal.

      230  Acido gama-aminobutírico


      Psicodistrópicas, que agem de modo a causar efeitos de despersonalização e perda de percepção( alucinógenos)

      Psicolépticas, que  são estimulantes,  mantêm mais sentidos ativados e aumentam a percepção.

      Muitas dessas drogas são ilícitas por induzirem os usuários a estados de consciência pelos quais não podem responder, podendo fazê-los agir de modo a infringir a lei ao terem seu senso de julgamento e noção das consequências de seus atos alteradas. Outro motivo para a proibição de algumas drogas é o surgimento de dependência.
      A dependência no uso de drogas pode ser de dois tipos:
      Dependência psíquica, em que a dependência da droga se dá pela busca de seus efeitos iniciais, que geralmente são de prazer, relaxamento ou alguma sensação boa. O que causa a dependência psíquica são razões de ordem cognitiva. A abstinência de drogas que causam dependência psíquica gera ansiedade e sentimento de vazio.
      Dependência física, estado de dependência baseado na adaptação do corpo à presença da droga, de modo, que o funcionamento do corpo, regulado para a presença da droga, funciona mal quando em sua ausência, caracterizando uma síndrome de abstinência, fenômeno que será detalhado em postagens posteriores.
      Ambos os tipos de dependência configura drogadição ou toxicodependência.
      É importante notar, no entanto, que a proibição de uma droga não se baseia somente em suas características intrínsecas, mas também na sua forma de uso. Opiáceos, por exemplo, são substâncias altamente usadas no tratamento de dores, e possuem algumas variedades legalizadas. O seu uso indiscriminado, no entanto, pode causar efeitos devastadores, como ocorre com a heroína.
      A proibição de certas drogas é um tema polêmico que levanta diversos pontos de vista, que envolvem aspectos culturais, econômicos, biológicos sociais  e políticos. Em uma discussão tão complexa, a bioquímica pode dar uma mãozinha para entender ao menos as bases biológicas e, por conseguinte, formar uma opinião sobre o assunto. Quanto ao resto... ah, aí já é outro blog.