Hoje falaremos de uma das drogas lícitas mais usadas no mundo: a cafeína, consumida principalmente na forma de café.
A cafeína é naturalmente encontrada em alumas plantas e sua principal função nelas é paralizar e matar certas espécies de insetos que tentam se alimentar delas. Essa substância é classificada como uma droga psicoativa, mas no mundo inteiro, seu consumo e comércio é legalizado na forma de café, refrigerantes, chás, pílulas e bebidas energéticas. Há dois motivos pelos quais a cafeína é tipicamente legalizada: o fator cultural, visto que é uma droga de uso histórico, e o fato de ser uma droga considerada de baixo risco, uma vez que a dose considerada tóxica é de aproximadamente 10g/dia e as doses típicas normalmente contêm bem menos que 500mg/dose. Seria preciso consumir aproximadamente 4,5Kg de café expresso em um dia para atingir níveis tóxicos de caféina.
O uso do café, normalmente, é feito por hábito, como o consumo de qualquer outra bebida, mas o número de pessoas que o consome desejando os seus efeitos farmacológicosé bem alto.
A cafeína, um alcaloide com caráter lipossolúvel, consegue penetrar facilmente na barreira hemoencefálica, produzindo efeitos no sistema nervoso central com rapidez. Experimentos com cachorros mostraram que a concentração de cafeína no líquido cérebro espinhal de cachorros atinge metade da concentração plasmática entre 4 e 8 minutos após a ingestão.
A cafeína, por seu efeito de mobilização de cálcio intracelular, diminui o limiar de excitação muscular e promove maior duração da contração muscular por meio do aumento do transporte de cálcio pela membrana plasmática e retículo sarcoplasmático.
Em células nervosas, a cafeína age nos canais de cálcio. Essa atuação, no entanto, depende as concentrações de cafeína no plasma, sendo concentrações baixas e moderadas estimulantes da liberação e reabsorção de cálcio pelo retículo endoplasmático. Concentrações altas inibem esses processos.
A cafeína tem a capacidade de diminuir a sonolência, aumentar o alerta, a clareza de pensamento e diminuir a fadiga dos usuários. Seu efeito geralmente começa a ser sentido menos de uma hora após consumo e geralmente seus efeitos passam após 5 horas da ingestão.
O consumo excessivo de cafeína pode, quando consumido imediatamente antes da hora de dormir, causar distúrbios de sono que prejudicam a qualidade e os estágios normais do sono. O sono REM, por exemplo, é bastante diminuído em pessoas que consomem café em excesso.A cafeína também parece ter efeitos ansiogênicos, que podem levar a transtornos como síndrome do pânico, mas, em doses baixas, pode ser benéfico a pacientes depressivos.
Os efeitos tóxicos do café não são comumente relevantes , devido a necessidade de doses muito superiores a que as pessoas costumam tomar para que eles ocorram.
Os sintomas de abstinência de cafeína incluem dores de cabeça, dificuldades de concentração, sonolência, dor no estômago e nas juntas. Normalmente esses sintomas surgem entre 24 e 48 horas após a descontinuação do uso médio de 235mg diários de cafeína( aproximadamente duas xícaras e meia de 250ml de café coado), e desaparecem em até 9 dias.
FONTES:
http://apt.rcpsych.org/content/11/6/432.full
Caffeine and the central nervous system: mechanisms of action,
biochemical, metabolic and psychostimulant effects (obtido no Library Genesis