domingo, 12 de outubro de 2014

Postagem nº 2- Dependência Física e Tolerância

Um dos efeitos mais delicados de muitas drogas, lícitas ou ilícitas, é o desenvolvimento de dependência física, sendo esse um dos motivos de proibição ou controle rígido de circulação de muitas delas. A dependência física resulta do uso crônico de uma droga, o que produz tolerância, que é o fenômeno que ocorre quando a reação à concentração de determinada droga é progressivamente reduzida, exigindo concentrações mais altas para atingir os efeitos desejados. Diferentes efeitos da mesma droga podem ter diferentes graus de desenvolvimento de tolerância. Quando o desenvolvimento de tolerância a uma droga é muito rápido, é chamado de taquifilaxia. Drogas como anfetaminas(um tipo de droga simpatomimética)
A tolerância a substâncias como a morfina, por exemplo, pode acontecer por diversos motivos, como fosforilação dos receptores de opioides, causando mudança conformacional, desacoplamento entre esses receptores e a proteína G, causando dessensibilização das células, ou diminuição dos números de receptores disponíveis.
O desenvolvimento de tolerância a certas substâncias nem sempre é algo negativo e, em alguns casos, pode ser usado como um recurso médico. Um exemplo é em relação à diminuição a respostas alérgicas a certos agentes. A administração do agente alergênico em doses inicialmente pequenas, mas progressivamente aumentadas, pode induzir o surgimento de tolerância e diminuir a resposta alérgica do paciente. Esse método é usado em pacientes diabéticos com alergia a insulina bovina.
A dependência física pode se manifestar de maneira fisiológica ou de maneira psicológica. A manifestação física pode ocorrer de forma a aumentar a taxa de batimentos cardíacos, sudorese , tremores e outros sintomas. Existem substâncias, como álcool, benzodiazepina(sedativo/ansiolítico) e barbitúricos(antiepilépticos) cuja a abstinência podem causar problemas ainda mais graves, que em alguns casos, em usuários crônicos, podem levar a convulsões e morte. A abstinência de pessoas dependentes de opioides pode, ainda,  levar ao surgimento de dores, diarreia e vômito, além dos efeitos supracitados.
O tratamento para dependentes físicos depende do tipo de droga em questão, mas geralmente consiste na redução progressiva das doses da droga e da administração de outras drogas para conter os efeitos gerados pela abstinência.
Percebe-se, assim, que drogas não são vilãs ou mocinhas, toda droga é potencialmente nociva e a maioria é potencialmente benéfica. O que muda de uma pra outra é o quão fácil é utilizar esses potenciais e o quão fácil é perder o controle deles. Esse é um dos critérios usados para a regulamentação das drogas e por não ser um critério exato ou preciso, ele gera muitas polêmicas e discussões em relação a drogas que estão mais próximas do limiar benéfico/maléfico.
FONTES:
http://www.brasilescola.com/drogas/anfetaminas.htm
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2672012/
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/1575069
http://en.wikipedia.org/wiki/Physical_dependence

9 comentários:

  1. A reação alérgica à insulina, abordada na postagem é um obstáculo no tratamento de diabetes, uma vez que, as reações se compreendem desde um desconforto leve até um choque anafilático. Todavia, esse é um evento que está se tornando raro, principalmente porque a tecnologia atual tem a dispor técnicas de purificação das substâncias. Agora falando um pouco sobre o próprio tratamento contra a dependência, um fator importante além de todo o maquinário biológico envolvido, é o contexto social do dependente. Destaca-se então a importância da família, uma vez que é a instituição social incentivadora do tratamento e isso deve ser visto como mecanismo básico e primordial de recuperação.

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  2. A dependência e a tolerância a certos tipos de drogas, como bem lembrado, pode ser bom ou ruim dependendo da situação considerada. Um exemplo pertinente nesta discussão é o dos opiáceos. Os opiáceos são substâncias derivadas da papoula. A codeína e a morfina são derivadas do ópio, e a partir destas produz-se a heroína. Os opiáceos são usados no combate à dor, em geral no câncer. A controvérsia maior, entretanto, está em usar os opiáceos para o controle da dor crônica. A administração repetida destes fármacos possibilita o aparecimento de efeitos de tolerância, dependência física e dependência psíquica, em graus variados. Quando utilizadas como muita frequência, a cessação do uso leva os usuários a uma forte e incontrolável vontade de utilizar a droga. Os usuários tem sintomas de abstinência quando o uso é diminuído ou interrompido de maneira abrupta. Estes sintomas podem aparecer poucas horas após a última administração. Os sintomas mais comuns são: agitação, diarréia, cólicas abdominais e uma vontade intensa de consumir a droga.

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    1. Referências:
      http://www.scielo.br/pdf/rlae/v7n4/13490.pdf
      http://www.unifesp.br/dpsicobio/drogas/opio.htm

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  3. A síndrome de abstinência da nicotina tem consequências sistêmicas importantes e repercussões físicas e psicológicas. Viciados em nicotina, os neurônios do centro que integra as sensações de prazer, ao sentirem seus receptores vazios dela, estimulam outros circuitos de neurônios, que convergem para o chamado centro da busca. Esse centro é responsável por induzir alterações comportamentais com a intenção de nos obrigar a repetir ações que anteriormente nos trouxeram prazer: sexo, comida, temperatura agradável para o corpo, etc."Uma vez que os centros do prazer ativam o centro da busca, este não pode ser mais desativado. O centro da busca permanecerá ativado mesmo que o prazer responsável por sua ativação deixe de existir. "
    O tratamento é a melhor opção. As crises de abstinência geralmente são sérias e, caso não sejam tratadas com compromisso, podem resultar em recaídas.
    Fonte: http://drauziovarella.com.br/dependencia-quimica/tabagismo/a-crise-de-abstinencia-de-nicotina/

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  4. É importante ressaltar que a dependência química é considerada condição patológica e caracterizada como Transtorno Mental. Ainda assim, grande parte da sociedade tende a julgar os dependentes químicos, considerando-os como pessoas fracas, de pouca força de vontade, sem bom senso e sem sabedoria, o que só tende a dificultar o processo de recuperação do paciente, pois incute também nele esse pensamento. É essencial, portanto, e não deixa de ser papel do médico, combater essa visão preconceituosa da sociedade moderna.

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  5. O fenômeno da taquifilaxia é bem interessante, pois é nome dado ao fenômeno de rápida diminuição do efeito de um fármaco em doses consecutivas, ou seja, é a tolerância desenvolvida após poucas doses absorvidas do produto, por depleção do mediador disponível, alteração conformacional dos receptores, perda de receptores, depleção de mediadores, aumento da degradação metabólica da droga ou adaptação fisiológica, não sendo relacionada, portanto, obrigatoriamente com o uso prolongado da droga. Fontes: http://cadernodefarmacia.blogspot.com.br/2013/03/diferenciando-taquifilaxia-de.html http://www.portaleducacao.com.br/farmacia/artigos/12465/dessensibilizacao-e-taquifilaxia

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  6. É interessante, ao abordar sobre a questão da dependência física, ressaltar que cada droga possui um princípio ativo diferente que possuem tempos diferentes para que o organismo do paciente consiga eliminar. No caso da maconha, por exemplo, o THC leva até um mês para ser eliminado completamente. Um outro ponto interessante é tratar as drogas como vilãs ou mocinhas, afinal, o potencial de cada droga é diferente e tudo depende do objetivo que o usuário tem ao utilizá-las.

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  7. Um conceito a respeito da depenência/tolerância a drogas é a síndrome de abstinência. É um conjunto de sinais e sintomas decorrentes da falta de drogas em usuários dependentes. Caracteriza-se por sensações de mal-estar e diferentes graus de sofrimento mental e físico, particulares para cada tipo de droga. Manifestação de um desajuste metabólico no organismo provocado pela suspensão do uso de algumas substâncias. Quadro clínico que revela a falta que determinada substância está fazendo ao metabolismo orgânico. Algumas síndromes de abstinência podem ser tão graves ao ponto de colocar em risco a vida da pessoa, como é o caso da abstinência do álcool e da heroína.

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  8. A questão de dependência física e psíquica é sempre muito divergente entre os médicos e especialistas, pois nem sempre os malefícios e benefícios da droga estão atrelados somente a fatores biológicos e químicos, o que nos deixa pensar sobre o fato de que o uso de drogas representa mais do que um simples quadro clínico. Sabemos também que o funcionamento biológico da dependência psicológica dá-se no sistema de recompensa do cérebro. As atitudes que nos causam a sensação de prazer estão sendo encorajadas com esta sensação pelo sistema. É pela ativação farmacológica do sistema de recompensa que funciona uma droga e é esta a principal razão pela qual são viciantes. Assim, temos que analisar a influência de diversos fatores, muitas vezes sociais, por exemplo, ao enquadrar um paciente em dependência.

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